GPs Inesquecíveis                        Março/2007


"São Jorge e seu cavalo"

Por Clackson e Julio Matano

O leitor já deve ter vivido inúmeras vezes a situação que  quando um nome é citado, imediatamente vem à sua mente uma associação composta ao nome que fica impossível imaginá-lo sem pensar no conjunto Exemplos não faltam no mundo do esporte, artes, religião, etc, tais como Pelé/ Santos FC; Leonardo da Vinci/ Monalisa, São Jorge/ cavalo.

Neste último, dá para imaginar o santo sem sem cavalo? Todo fiel, por mais fiel que fosse, ficaria perdido na igreja ao procurar a imagem de um São Jorge sem o seu cavalo. Santo e cavalo formam uma dupla que, paradoxalmente, são uma unidade. No universo do turfe, essa associação é válida também, contudo devemos ir com cuidado, pois associar nomes pode-se tornar uma armadilha. Vamos escapar delas.

Teríamos como imaginar Much Better sem o Jorge Ricardo, Zenabre sem o Dendico Garcia, Immensity sem o Antônio Bolino? Estamos diante de unanimidades. Vamos pensar nos animais acima com outros jockeys. Teriam os mesmo cartel de vitórias? É provável, mas entra aí o reino das probabilidades, e convenhamos, probabilidade não é certeza, e o que pensar de um Much Better com  uma campanha regular, Zenabre um cavalo comum que venceu algumas provas, e a Immensity com colocações. Loucura? Não, são só conjecturas ( ainda bem que não se verificaram) do que poderiam ser suas campanhas com outros jockeys.

Houve um exemplo em Cidade Jardim, nos anos 80, que pode-se afirmar com absoluta certeza que o cavalo teria uma campanha totalmente diferente da que mostrou na pista, se outro fosse o seu jockey, à exemplo dos acima. Curiosamente, tal como São Jorge, essa dupla do turfe operava verdadeiros milagres na pista, em situações que desafiavam a Física.

Este talvez seja um dos artigos mais difíceis que será escrito neste espaço, pois vamos falar de um profissional e de um cavalo que não podem ser diferenciados um do outro. Se o artigo privilegiar um em detrimento ao outro, o artigo fracassou.

Pede-se que o leitor que tenha presenciado o que aqui vai ser escrito, que por favor fique de pé ao ser mencionado o nome dos homenageados, em sinal de reverência, pois esse é o mínimo que podemos fazer para essas majestades.

Vamos humildemente homenagear o freio Jorge Garcia e seu "santo" cavalo Ojantelle.

Para quem não vivenciou o turfe paulista nessa época, o freio Jorge Garcia foi um dos mais completos jockeys da história do turfe brasileiro. Filho de ninguém menos que Dendico Garcia, tricampeão consecutivo do Grande Prêmio Brasil ( Leigo e duas vezes com Zenabre), vencedor de estatísticas em Cidade Jardim numa época em reinavam Luiz Rigoni, Pierre Vaz, Omário Reichel, Virgílio Pinheiro Filho, Francisco Irigoyen, Lodegar Bueno Gonçalves, Olavo Rosa, Candido Moreno entre tantos outros grandes jockeys,  Dendico Garcia foi seguramente um dos maiores jockeys da nossa história, e Jorge Garcia teve  na figura do seu pai, posteriormente um treinador com a mesma característica vitoriosa da sua época de pistas, um professor e ao mesmo tempo um auditor.

Uma particularidade é que a família Garcia representa no turfe brasileiro uma autêntica universidade do turfe, pois dela emanaram Walfrido Garcia ( reitor), Dendico Garcia e Edgar Garcia ( in memoriam), Eduardo Garcia, Dendico Garcia Jr, Emerson Garcia, Wanildo G. Tosta, todos treinadores de extrema competência.

Voltemos ao Jorge Garcia. Formado na Escolinha de Preparação do Jockey Club de São Paulo, e tendo como professor uma lenda, o bridão chileno Luiz Gonzáles, seguramente um dos pilares do nosso turfe nas décadas de 30/40/50, Jorge Garcia deve ter tido um começo de carreira cheio de expectativas, pois afinal de contas todos o veriam como uma extensão do pai nas pistas, e nessa hora, cobranças, ilógicas por sinal, não faltariam, mas sua categoria logo se mostraria inconteste. Estava no seu DNA ser um grande piloto. Note na foto ( Jorge Garcia é o terceiro da esquerda para direita) o mestre Luiz Gonzáles e seus alunos, muitos das quais viriam a ser grandes jockeys em Cidade Jardim. 

" Mestre Gonzáles e seus alunos"

O turfe paulista nessa época possuía um conjunto de jockeys em atuação em que milênios se passarão e nem chegaremos perto de ter o que foi visto. Albenzio Barroso, Antonio Bolino, João Manoel Amorim, Edson Amorim, Eduardo Le Mener Filho, Ivan Quintana, Jorge Dacosta, Gabriel Menezes, Loacir Cavalheiro, Roberto Penachio, Luiz Yanez ,  Luiz Antonio Pereira, João Gabriel Costa, Ermelino Sampaio, José Fagundes, Geraldo Assis, Luiz Correa Silva e é claro, Jorge Garcia, faziam sua exibições de gala, em páreos eternizados.

Como a comprovar o fato de ser um grande jockey, Jorge Garcia ,em pleno reinado de Albenzio Barroso, venceu as estatísticas nos anos de 80/81, interrompendo assim a série que o " Feiticeiro" colecionava há anos. Destaque-se que o jockey Roberto Penachio foi outro piloto a quebrar a série de vitórias do Barroso.

Já na Taça de Prata, que é a máxima prova do calendário paulista destinadas aos potros e potrancas de 3 anos, Jorge Garcia levantou impressionantes cinco títulos de campeão, na versão dos potros.

Uma característica que sempre marcou a exitosa carreira desse grande jockey foi nunca desperdiçar as chances com os grandes cavalos que surgiram ao longo de sua carreira. Nomes como Orient Express, Candelabro, Remember, New Attack, Bright Pollux, Laughing Boy, Kopá, Maybe this time, Fooling, Evaristo, California Hope, Siga Bravo, Palm Cigal, Jigo, Ken Graf, Norton, Kigrandi, o já citado Ojantele, Quinze Quilates, Duplex e tantos outros. Vamos falar um pouco do fenômeno Duplex, criado pelo imortal Roberto Seabra e de propriedade de Stud Jupiá. Seu treinador fora o "reitor" Walfrido Garcia.

Montado inicialmente por João M. Amorim, e posteriormente por D.L. Albres, quis o destino que o freio Jorge Garcia viesse a montar esse monstro de cavalo, e o que se viu foi um assombroso retrospecto de vitórias internacionais, onde atropeladas fulminantes e meticulosamente calculadas punham seus adversários fora do vencedor à míseros metros do disco final. Contando com quatro atuações no exterior, esse fantasma das pistas levantou o GP Jockey Club del Peru; o GP José Pedro Ramirez, este no Uruguai; e na vizinha Argentina, levantou os GP Organizacion Sulamericana del Puro Sangre de Carrera e finalmente a vitória no Clássico Latino Americano, cuja epopéia foi umas das grandes páginas do turfe brasileiro no exterior, pois faltando menos de 350 metros para o disco final, o Jorge Garcia aciona o Duplex que vai fulminado seus oponentes e a meros 50 metros do disco, sem ainda ultrapassar seu último adversário, o freio brasileiro que tinha o costume de girar o chicote no ar, coloca-o embaixo do braço, pois certo estava de sua vitória. Uma vitória digna para uma estátua do jockey e do cavalo. 

Jorginho com o craque Duplex (Brz) (6) - Posição Impecável

Um outro grande momento na espetacular carreira desse grande freio foi sua mitológica vitória ( se não a maior) no Grande Prêmio Brasil de 1.996, onde montando o também craque Quinze Quilates, de propriedade do Stud Rio Preto e criação do Haras 2001, cujo treinamento estava á cargo de seu pai, Dendico,  num percurso digno de uma aula de professor Honoris Causa, Jorge Garcia conseguiu uma proeza por demais rara num GP Brasil: atropelar pela baliza um. Fazendo um percurso computadorizado, o Jorge no meio da reta de chegada percebeu uma pequena abertura na baliza interna, e com a qualidade que tem, sentiu ali que a "avenida" poderia se abrir, e rapidamente lançou o Quinze Quilates na cerca interna, e com uma antológica tocada, iniciou a ultrapassagem de seus adversários, até chegar em outro grande cavalo, Zé de Ouro, do tradicional Haras Bandeirantes, que também com uma direção muito inteligente  atropelava fortemente. O que se viu foi um sensacional cabeça-à-cabeça, onde o bridão Marcos Pereira, jockey do defensor do Bandeirantes, com uma energia formidável tocava seu cavalo, e o Jorge Garcia idem.

A chegada desse páreo é patrimônio da história do GP Brasil, pois a categoria dos pilotos e a chegada que se deu, mexeu com todos. Impossível não se emocionar ao relembrar essa chegada. Acho até que a estátua do Cristo Redentor virou-se para a Gávea para ver quem havia vencido o páreo!!

Por diferença de centésimos de milímetro, Jorge Garcia conseguiu naquele momento o trunfo que lhe faltava na sua majestosa carreira e dessa forma obter os mesmos GP´s que seu lendário pai conseguira: GP São Paulo, GP Brasil, Estatísticas etc.

Para o mestre Dendico Garcia essa vitória teve um sabor especial, pois seu filho Jorge, desforrava assim, para o mesmo Stud Rio Preto a derrota no fotochart do cavalo Kraus no longínquo ano de 58. Um fato curioso é que seu pai acompanhou a corrida em São Paulo, pois a inscrição do craque coube ao competente Rubens Carrapito, treinador do turfe carioca. 

Quinze Quilates (Brz) - GP. Brasil - Direção Épica de J.Garcia

O estilo do Jorge Garcia sempre foi de um exímio atropelador, um jockey matemático ( ou seria um matemático que foi jockey ?) que corria de forma precisa e no disco final, com uma vantagem de  milímetros,a sua vitória elevava a adrenalina de todos, fãs ou não. A tocada do Jorge Garcia era notadamente diferente dos demais freios, pois era toda condimentada em doses elevadas de emoção nas rédeas. Explica-se: a grande maioria dos freios, com uma das mãos ajusta a rédea e com a outra mão usa corretamente o chicote, porém o fazem de uma forma que considero estática, mas o Jorge Garcia, e seus fãs hão de se lembrar que, quando, com a mão esquerda, jogava a rédea para a frente, e com a mão direita iniciava com o chicote o dueto bate-acaricia a orelha do cavalo, o cavalo respondia com toda sua energia ao chamamento e ao cruzar o disco ele elegantemente girava o chicote no ar e o colocava debaixo do braço para deleite de seus admiradores. Note na foto acima a sua mão esquerda na rédea do Quinze Quilates e sua clássica tocada, já na foto à seguir  relembre a posição desse magnífico jockey ( número 7 por fora)

Ojantelle - Por fora , atropelando forte !!!

Bem estamos chegando no momento em que surge na vida profissional desse grande freio, um cavalo que formaria a maior simbiose jockey-cavalo já vista por mim no turfe. Falamos de Ojantelle, filho de Henry de Balafré e Aurélia, de propriedade do Stud Rio Preto e criação do Haras e Fazenda Patente Ltda e também treinado pelo Dendico Garcia.

Esse cavalo era algo de incomum no mundo do turfe. A sua forma de correr e a arremetida final eram verdadeiros problemas de Física, pois como podia um massa inercial daquelas, de repente, do nada, adquirir uma mudança de velocidade tal que deixava boquiabertos os que aquilo presenciavam. Nesse intricado caso de Física entra o "matemático" Jorge Garcia, que conhecendo cada molécula de seu cavalo, e por que não dizer que o Ojantelle conhecia cada molécula do Jorge, fazia seu dirigido dar a partida, não no exato segundo, mas no exato milionésimo de segundo.

Vamos tentar aqui mostrar em palavras aquilo que não pode ser descrito.

Vamos relembrar o Grande Prêmio Piratininga de 1.990, corridos em 2.000 metros na pista de areia leve. O campo era formado por Ojantelle, King Marine ( I. Quintana), Valiant Toss( A. Vale), Naturalíssimo( I. Gonçalves), Jex( C. Canuto), Frank the Yank( G. Assis), Neme(L. Duarte), Ricoxino(R. Penachio), Dominium Rose(A. Barroso), Nirstly( A. Batista), Master of Woobdine(J.B. Paulielo) e Ladobueno(J.M.Amorim). 

Dada a largada, em frente as tribunas populares, Valiant Toss toma a ponta seguido de perto por King Marine, mas Ricoxino, bem ao estilo do Roberto Penachio, vai forçando tentando tomar o lugar de Valiant Toss, durante a curva da direita, mas não consegue, e contenta-se com o segundo posto. O Quintana ( o imortal bridão dos bridões)  vendo essa movimentação fica em terceiro, guardando o King Marine para aquilo que ele sabia que iria acontecer.

A reta oposta ficou nessa configuração, com Valiant Toss, Ricoxino e King Marine nas primeiras colocações, vindo à seguir Neme, Dominium Rose e os demais. Nas últimas posições Ojantelle, Frank the Yank e Naturalíssimo.

Já na curva da esquerda, o Quintana leva o King Marine para a segunda posição, passando por Ricoxino, e vai ao encalço do Valiant Toss que permanecia na ponta. O Ricoxino tentou acompanhar mas sem sucesso. Uma guerra se inicia pela dianteira, com o Quintana, com roda sua classe, exigindo o King Marine, e bravamente o Antonio  Vale resistia com o Valiant Toss. Nesse ponto Ojantelle, bem longe, estava por dentro, à anos luz dos ponteiros. Veja a foto onde estava o Ojantelle na curva e sinta o páreo.

Ojantelle - Um dos maiores atropeladores da história em Cidade Jardim !!!

King Marine finalmente consegue encostar e assumir a ponta e segue firme para o disco, e ninguém o ameaça, ( em tese),mas algo começa a mudar no panorama do páreo, pois por dentro vê-se claramente que um cavalo começava a ganhar posições, mas o disco está chegando, King Marine está levantando o páreo, e tudo caminha para a mais absoluta normalidade. Normalidade? Essa palavra não existe em páreo com Ojantelle/ Jorge Garcia.

Beirando a velocidade do som, o filho de Henry de Balafré e Aurélia, e seu matemático jockey no dorso, vão ultrapassando os oponentes como se estes estivessem estáticos, tal a facilidade com que eram ultrapassados, porém o disco final está lá, implacável esperando por King Marine. Aqui abre-se um pausa para explicar um fato que ao meu ver é insólito. O Ojantelle parecia que trocava de mão por si só, sem o comando do jockey, como à dizer - " Jorge, ninguém irá nos vencer !"- e aumentava, e muito, sua já enorme velocidade. Era como se um "turbo" fosse acionado, bem ao estilo daquelas naves espaciais dos filmes de ficção científica. Inexplicável, indizível, insólito.

Além da vertiginosa velocidade Ojantelle, do nada, aumenta mais ainda o ritmo e já com a velocidade beirando a da luz, vai descontando o terreno em uma progressão geométrica e aproxima-se do King Marine. O bridão Ivan Quintana ainda sente uma reserva e aciona King Marine, pois falta pouco para o disco, e se tratando do Ivan Quintana, todo cuidado é pouco devido à incomum categoria desse grande jockey, mas quem pode segurar a ultrapassagem da velocidade da luz? O páreo que estava definido, não está mais.

Em frações de segundos, a "nave" Ojantelle, que até então estava fora de qualquer possibilidade de vir a disputar o páreo, estava ali, prestes a igualar a linha do King Marine, e no disco, a verdadeira fronteira final do turfe, com o Jorge Garcia fazendo pose, ultrapassa o valente King Marine e vence o Grande Prêmio, para estupefação de todos os presentes. O impossível acontecera. Como explicar ? Não há como, pois o turfe é um livro em que não existe a última página.

Ojantelle (por dentro) Derrota king Marine 

Estendo-se ainda a homenagem a esse incomum cavalo, relembremos o Clássico José Cerquinho Assumpção, em 1600 metros, raia de grama. Páreo preparatório para a milha internacional do GP São Paulo, Ojantele enfrentou uma verdadeira seleção brasileira de cavalos de classe. Vejam a lista e os respectivos jockeys: Jex( N. Souza), vencedor da milha e do GP  São Paulo, Oli Dream ( W.Lopes), recordista dos 2.000 metros - quebrou o antigo recorde de Gualicho - Uichur(J. Vitorino),  recordista dos 1.100m, Heracleon ( L.Duarte), recordista dos 1500 e 1600 metros, grama em Cidade Jardim, vencedor da milha internacional paulista e carioca, Giorgio Vergano( A.Barroso), cavalo clássico, Art Inshallah (Z.Paulielo Jr.), recordista dos 1400m grama, Maybe a Champ (J. Fagundes) e Orozimbo( C.Canuto), Lord Ronald (J. Escobar), todos cavalos clássicos em SP. Em suma, uma nata de corredores e tendo Ojantelle como de hábito, ficado nas últimas posições, atropelou vigorosamente na reta e em segundos fulminou todos os craques acima, deixando Jex, Oli Dream e Lord Ronald nas demais colocações do marcador. Veja sua posição na entrada da reta e o resultado no disco. Que cavalo !!!

Ojantelle - Atropelada certeira, derrota Jex em final de Emoção

Jorge Garcia aposentou-se há alguns anos, mas nem por isso suas façanhas serão esquecidas. Elas são parte do patrimônio do turfe sul americano. Estas breves linhas não resumirão de forma alguma o significado desse grande jockey para o turfe brasileiro, pois muitas outras ainda serão escritas sobre suas vitórias. Aos aprendizes de hoje roga-se para que se informem sobre quem foi Jorge Garcia e procurem espelhar-se no exemplo desse profissional. Será um começo promissor em suas carreiras.

Estas linhas iniciaram com uma premissa de que é impossível falar de São Jorge ( santo) sem seu cavalo. Analogamente não se pode falar de Ojantele sem o freio Jorge Garcia.

Na tradição católica, uma pessoa que opera milagres pode vir a ser santo mediante um processo de canonização, processo esse que, via de regra, dura séculos. No turfe as coisas são mais fáceis e rápidas. Milhares de pessoas foram testemunhas dos milagres as quais Jorge Garcia e Ojantele operaram, e nesses tempos da eminente canonização do primeiro santo brasileiro, nada mais justo do que neste espaço/ site "canonizarmos" também o primeiro "santo" do turfe brasileiro:

"São" Jorge Garcia e seu santo cavalo Ojantelle.

Abaixo encontra-se a foto do "santo"  e seu cavalo para as devidas homenagens.

"São Jorge Garcia e seu santo cavalo Ojantelle"

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