Matéria Especial


 

Um Tributo a Gabriel Menezes

 

Por Clackson,

O mestre Gabriel Menezes

 

Os cinemas brasileiros estão exibindo o filme “Pelé, o eterno”, onde a vida de gols do rei do futebol é mostrada com toda sua genialidade e perfeição. Quando se fala em futebol, é uma unanimidade nacional apontar Pelé como o mais completo jogador surgido no futebol mundial, em todos os tempos. E nem poderia ser diferente, para desespero dos argentinos.

 

Agora uma questão que vem à mente, é que quando falamos de outros esportes, será muito provável que não tenhamos filmes dedicados aos ídolos. O futebol é, e sempre será, a locomotiva esportiva do País. Aos outros esportes cabem, quando muito, o papel de coadjuvante.

 

O que dizer do turfe então, cuja divulgação hoje em dia nem nos jornais consta, sendo quase um assunto proibido no mundo esportivo. As únicas notícias do turfe na mídia são o GP São Paulo, o GP Brasil e alguma queda espetacular de algum jockey, em qualquer hipódromo do mundo.

 

Pois bem, já que não teremos o cinema, muito menos jornal ou televisão, como veículos de informação do turfe, vamos aproveitar este espaço e falar de um jockey que está na mesma categoria de Pelé para o futebol.

 

É muito difícil falar de pessoas, pois várias correntes se abrem na concordância, e outras na discordância, mas ao turfista atento às corridas, e quando falo de turfista, não entra aquele tão somente apostador que vê as corridas com a poule no bolso, falo do verdadeiro turfista, que acompanha o mundo do turfe sob o prisma criador-cavalo-treinador e jockey. Note que o jogo não entrou na equação.

 

Feitas essas considerações, vamos falar de um  jockey que considero como o melhor do turfe brasileiro, e por que não dizer do turfe sul americano, dos últimos 25 anos. O período de 25 anos não foi uma escolha ao acaso, e sim o período em que pude acompanhar de perto, todas, mas todas mesmo, corridas desse fantástico jockey, e para que não ficasse um artigo em que um julgamento a priori, do tipo “ouvi dizer”, me disseram que..”  ofuscasse este relato, posso orgulhosamente dizer – Vi com meus próprios olhos.

 

Alguns talvez discordem da escolha, mas o que seria do turfe se só houvesse unanimidade ?. Só venceriam os favoritos !!

 

Convido o turfista a ficar em pé, pois vamos falar de Gabriel Menezes, o verdadeiro deus das rédeas.

 

Oriundo de um país que possui a melhor escola de bridões do mundo, o Chile, Gabriel Menezes iniciou suas atividades naquele país, mais precisamente no hipódromo de Peñuelas, sendo logo transferido para o Clube Hípico de Santiago onde venceu estatísticas e aos vinte e um anos de idade, já vencia o Derby em Viña Del Mar, com o potro Exótico.

Devido a sua meteórica ascensão, foi escolhido para prestar uma homenagem à rainha Elizabeth, quando Sua Alteza visitou o Chile.

 

Aqui cabe um comentário sobre a escola chilena de bridões. Não é de hoje que esse país tem demonstrado ao mundo que em matéria de jockeys que montam nesse regime, formam o que há de melhor ao longo da História.

Só a lembrança dos nomes de Luiz Gonzáles, Juan Marchant e Francisco Irigoyen, entre outros, que atuaram no turfe brasileiro, dispensaria qualquer comentário adicional sobre a real qualidade daquele país em gerar jockeys de inigualável qualidade técnica.

 

O grande segredo da escola chilena é conseguir fazer com que seus jockeys combinem com perfeição o mítico par percurso-tocada, fatores esses que infelizmente são raros na maioria dos jockeys.

O Gabriel Menezes, ao lado dos já citados monstros sagrados, é a tradução viva dessa incomum afinidade.

 

Em 1.968  vem para o Brasil, mais precisamente para a Gávea, hipódromo que o acolheu, e inicia uma carreira que o levaria ao topo do podium do melhor dos melhores.

 

Assumindo logo como montaria oficial do Haras São José e Expedictus, e tendo como treinadores nada menos que as lendas Francisco Saraiva e Ernani de Freitas, é muito fácil concluir o que resulta essa “trifeta” de ases. Vitórias e mais vitórias.

 

Tornando-se logo ídolo na Gávea, o destino começou a conspirar para que não vencesse o Grande Premio Brasil, mas essa conspiração estaria com data marcada para acabar. Deixemos um pouco para adiante esse assunto de GP Brasil.

 

No início da década de 80 é contratado pelo Haras Inshalla, de São Paulo, para ser a montaria oficial daquela “Fábrica” de campeões, e como não poderia deixar de ser, Gabriel Menezes, emplaca seguidamente provas e mais provas com os cavalos das diversas gerações( letras) desse Haras. Alguns exemplos:

 

Adjutor, Ashabit, Bolkoska, Brown Tiger, Caesar`s Palace, Donegalle, Emperor Julian, Frank the Yank,  e muitos, mas muitos outros mesmo, na mesma condição, além de outros grandes animais de outros haras.

 

Só de escrever os nomes acima, vem à lembrança as direções do Gabriel Menezes e sinceramente um misto de emoção e nostalgia não pode ser evitado.

 

Certa vez, perguntei a um famoso bridão paulista sobre qual jockey que ele jamais gostaria de ter ao seu lado, em uma disputa cabeça-à-cabeça, e após uma longa pausa, o famoso bridão disse-me: “Não gostaria nem de pensar em ter o Gabriel como adversário numa reta final”.

 

Começamos este artigo referindo-se ao nome do filme de Pelé, e nada mais justo que façamos um “filme” sobre o Gabriel Menezes, e este , à exemplo do de Pelé, tenha o título de “ Gabriel, o eterno” e será neste espaço e com palavras, é que vamos relatar algumas de suas várias vitórias espetaculares. Tome seu assento, pegue uma pipoca e vamos iniciar o filme.

 

Taça de Prata de 1.987 – Gabriel Menezes montando o potro Julgador, do Stud Montecatini, e pela baliza um, vai de forma invisível passando um por um dos adversários, e por incrível que pareça nenhum jockey notou seu avanço, até a altura dos 400 metros, quando inicia uma violenta atropelada, e leva a Taça de forma espetacular.

 

 

Grande Prêmio São Paulo de 1.984 – Em uma raia de grama macia, Às de Pique montado pelo Gabriel abre uma vantagem na reta sobre Full Love, este dirigido pelo Ivan Quintana, que aciona a fundo o Full Love e inicia sua atropelada, mas a tocada do Gabriel mostrava para todos que no máximo o que conseguiria o Full Love seria chegar perto, jamais ultrapassar, e assim se fez cumprir a profecia. Às de Pique levanta o GP São Paulo e o Gabriel comemora o páreo de forma emocionada.

 

Grande Premio Diana de 1.987 – Menezes montando Great Bluff  acompanha, por fora a luta de So Beauty, Fausse Monnaie e Ki Ragusa, e quando o jockey Francisco Pereira Filho, piloto de So Beauty consegue livrar pequena diferença das demais, Gabriel Menezes que acompanhava de perto a luta das ponteiras,  aciona energicamente Great Bluff e em cima do disco leva o GP Diana. Uma chegada de tirar o fôlego.

 

Páreo Comum em 1.988 – Gabriel montando um cavalo do Inshalla (não recordo o nome) passa pelo Barroso na reta de chegada, e como o Barroso tinha aquela velha tática de se fazer de “morto”, para poder reacionar no final, ele espera os 200 metros finais e vai forte para cima do Gabriel e livra cabeça à frente.

O Menezes nos últimos 100 metros faz o cavalo trocar de mão, e ele é que reaciona para cima do Barroso e leva o páreo. Dois grandes jockeys numa grande disputa, porém valeu o ditado popular “Lobo não come lobo!!

 

Taça de Prata – Fêmeas – 1989 – Gabriel Menezes montando La Greve, do Stud Crespi, inicia uma atropelada junto com a égua Mayerling, dirigida pelo Luis Duarte, e na reta final todinha os dois jockeys disputaram cada centímetro da prova, num cabeça-a-cabeça titânico, mas em cima do disco o Menezes livra pequena vantagem e leva o páreo. Após cruzarem o disco, Luiz Duarte em pé no selim, ergue o braço do Gabriel, reconhecendo ali que perdera para um deus das rédeas.

 

18 de Dezembro de 1.995 – Em uma reunião com duas provas de 3.000 metros, o Grande Prêmio Consagração, última etapa da tríplice coroa paulista, e o Clássico João Sampaio, o Gabriel Menezes, montando Nick de Mestre e Baluarte Boy, respectivamente, vence de forma assombrosa os dois clássicos, batendo nada menos que o super ligeiro e recordista Mr. Fritz no Clássico João Sampaio, e potro Zé de Prata no Consagração.

Para expressar esse feito, usemos a frase usada na reportagem do Estadão sobre os dois páreos: “O jockey chileno comprovou, mais de uma vez, que é o melhor jockey brasileiro para as provas de longa distância” .

Só mudaria um pouco o texto do Estadão: “o melhor jockey em todas as distâncias”.

 

Grande Premio Ministro da Agricultura de 1.987 – Várias foram às vitórias do Gabriel montando o cavalo Brown Tiger, filho de Malecite e Qualidade, mas especialmente nesse páreo, a reta final de Cidade Jardim foi disputada cabeça-à-cabeça contra Corto Maltese, que montado pelo Cláudio Canuto, amplificou a qualidade do páreo.

Ao final, o Gabriel livra pequena vantagem e cruza o disco. Não seria exagero dizer que quase o Corpo de Bombeiros entrou na raia para apagar o “fogo” na grama, dada a alta voltagem que os dois jockeys aplicaram em seus pilotados!!.

 

Brown Tiger vence o famoso Corto Maltese - Chegada emocionante

 

Grande Prêmio General Couto de Magalhães de 1.988 –

 

O cavalo Anseio, montado pelo freio Luiz Antonio Pereira tentava o inédito título de tri campeão dessa longa prova ( 3.218m) , mas no seu caminho surge o cavalo Jervão que não passava nem perto da qualidade técnica do Anseio, mas em contra partida, montado por jockey doutor nessa distância, Gabriel Menezes sua chance aumentou e muito.

A torcida era toda para o Anseio, mas o Gabriel Menezes, fazendo um percurso mais do que matemático, levanta o páreo, para tristeza dos torcedores do Anseio, mas a diferença do Anseio não era o Jervão, era o Gabriel.

 

Grande Prêmio Presidente da República – 1982 – (Gávea)

 

O cavalo Drums and Pipers, do turfe paulista, montado pelo também bridão chileno Luiz Yanez, toma a ponta e foge para o disco tendo ao seu encalço, mas sem chance de alcançá-lo, o fenomenal Derek, montado pelo jockey oficial do Haras São José e  Expedictus, o mestre.  Ele mesmo, Gabriel Menezes.

Faltando poucos metros para o disco o Gabriel mantinha a tocada, mas como estava logo atrás do Yanez, não poderia abrir um pouco para tentar a atropelada, pois perderia preciosos metros.

Luiz Yanez já pressentindo a vitória, se emociona e inadvertidamente perde a contato com a boca do animal e isso faz com que Drums and Pipers desvie sua linha para fora. Tudo isso a poucos metros do disco !!

O Menezes rapidamente aumenta a tocada sobre o Derek , pois o surgimento desse milagre da passagem precisava de uma ação rápida, e em rápidos galões ele emparelha e domina o Yanez em cima do disco.

A Gávea veio abaixo dada à ovação dada ao Mestre. 

 

 

Grande Premio Sociedade de Criadores de 1.995

 

Considero este GP como um dos páreos mais eletrizantes e “espíritas” que presenciei no turfe. Foi sobrenatural!!!

Gabriel Menezes montando o cavalo Baluarte Boy (o mesmo daquelas duas vitórias em 3.000m no mesmo dia), toma a ponta do páreo, cuja distância era em 2.400m grama, e segue firme para o disco, porém o cavalo Tallon, dirigido pelo Nelito Cunha, acompanha o “train” do Menezes e nos 400 metros passa por ele, e além de fugir para o disco, e sendo o valoroso jockey que é, Nelito Cunha vai para a baliza um, sem prejuízo algum ao Menezes, e fecha qualquer caminho para o Gabriel avançar por dentro.

Para piorar a situação, o Barroso com o cavalo Quid Obscurum, atropela pelo lado de fora, quase que fechando o Gabriel em um verdadeiro “caixote”.

 

Nos 100 metros finais, ocorre a cena que até hoje permanece viva na memória como o maior momento que vi no turfe: O Gabriel tira para fora o Baluarte Boy, ajusta as rédeas bem ao seu estilo (seus fãs hão de se lembrar que quando o Mestre ajusta as rédeas, ninguém o segura !!!) e com duas “ remadas” toma a frente do Barroso, e em seguida faz o Baluarte Boy trocar de mão, tocando o cavalo com a mão esquerda,  e alertando com o chicote com a direita, ele  começa a diminuir a distância do Tallon, e tudo isso faltando poucos metros para o disco,  e aquela diferença que fazia o Nelito acreditar que o páreo já estava ganho (e estava mesmo) ,  foi ficando cada vez mais curta, e em cima do disco, Baluarte Boy, espiritamente, sobrenaturalmente, inacreditavelmente, põe cabeça à frente do Tallon levantando o GP. O público, atônito, não acreditava no que acabava de ver.

Uma das cenas mais insólitas que presenciei no turfe !!

 

"O mito Gabriel Menezes mostrava a todos o que é ser verdadeiramente o Melhor dos Melhores"

 

Grande Prêmio 14 de Março de 1.988

 

O Gabriel Menezes montando Brown Tiger toma a ponta na entrada da reta e segue para o disco, mas ninguém menos que o “Príncipe dos Freios”, o jockey paulista Jorge Garcia, montando Ken Graf inicia uma atropelada fulminante para cima do Brown Tiger.

Para quem conhece a categoria do Jorge Garcia, e principalmente a sua matemática atropelada, sabe que, seja quem for, na chegada ao disco estará derrotado, mas nos cálculos do Jorginho não entrou o fator Gabriel, e tocando o Brown Tiger com toda sua classe, o Gabriel Menezes vai aparando a atropelada do Jorge.

Ken Graf é acionado fortemente, mas não adianta, era um duelo em que o Gabriel já se mostrava vencedor.

No disco, por diferença mínima, Brown Tiger levanta o Grande Prêmio.

 

Grande Prêmio Linneo de Paula Machado – 1.989

 

O Haras Inshalla inscrevera Emperor Julian e o jockey oficial do Haras, Gabriel Menezes era o jockey desse grande cavalo, e logo após a partida, toma a ponta do páreo.

O cavalo do turfe paranaense Hollatochee, montado por um dos maiores freios da história do turfe sul americano, o mítico Antonio Bolino, deixa o Gabriel correr na frente, mas fazendo um percurso que na minha opinião, é uma das mais belas páginas de técnica que vi no turfe, vai matematicamente se aproximando do Emperor Julian.

Ao entrarem na reta, o fenomenal Bolino já chega perto do Gabriel, mas este ajusta as rédeas e começa a tocar vigorosamente o Emperor Julian e foge um pouco mais para o disco.

O Bolino então inicia sua atropelada com aquela tocada inconfundível, mas o Gabriel, com sua maestria, mantém a diferença do Hollatochee e segue firme para o disco, vencendo o páreo e quebrando o recorde da distância de 2.000 metros, areia.

 

Foram dois mitos exibindo aquilo que tinha de sobra: técnica e mais técnica. Qualquer que fosse o resultado, não haveria perdedores, como não houve, mas tão somente vencedores.  

 

O nosso “filme” vai agora mostrar uma corrida nada comum entre o Grande Mestre e o Destino, pois o segundo quis por várias vezes impedir a conquista do primeiro do Grande Prêmio Brasil, porém o Destino talvez não havia notado que seu adversário chamava-se Gabriel Menezes.

 

Foram tantas as artimanhas que parecia que o Mestre estava condenado a jamais vencer essa prova. Vamos à cronologia:

 

1.975 -  O Gabriel  fica afastado por contusão e impossibilitado de montar Orpheus, do São José e Expedictus, que levanta o GP Brasil montado pelo freio Paulo Alves.

 

1.979 – Entre a escolha de Amazon a Aporé, ambos do São José e Expedictus, o Menezes fica com Amazon, e Aporé, montado pelo Juvenal, levanta o páreo. O Destino já abria dois corpos na frente do Mestre.

 

1.980 – Aqui o Destino aplicou-lhe um “partido”, pois fatores internos à raia, determinaram a derrota do Baronius, também do São José e Expedictus, montado pelo Gabriel. Uma parelha do turfe paulista aplicou-lhe sérios prejuízos (vergonhosos é o termo correto) na reta final, que tiraram toda a ação vencedora do Baronius.

A Comissão de Turfe ignorou os graves fatos ocorridos na raia e confirmou o páreo, dando como vencedor o cavalo paulista. O Destino abrira três corpos de vantagem sobre o Menezes, mas de forma desleal.

 

1.997 – Após um longo período de armadilhas do Destino, chegara o ano em que o Mestre imporia sua classe ao seu opositor, e de uma vez por todas, encerrara-se essa disputa com uma vitória maiúscula.

O Gabriel Menezes montando o cavalo do turfe paulista Jimwaki, do Haras Equília, após um percurso antológico esmaga os adversários como: Quinze Quilates, Oriental Flower, Zé de Ouro, Mr. Fritz, Car Bomb, Fool Around e outros.

 

Vamos recorrer à manchete do Caderno de Esportes do Jornal do Brasil, um dia após à corrida : “Jimwaki vence, mas Gabriel é a atração  - A vitória do cavalo paulista no GP Brasil fez justiça a um dos melhores jockeys da história do turfe, que nunca vencera a prova “ .

Gabriel vibra após o disco de chegada, do GP. Brasil de 1997 !!! 

 

O autor da reportagem do jornal, o jornalisa Paulo Gama, sintetizou em uma única frase duas realidades cristalinas : O Gabriel vencera o Destino e ali estava um dos melhores jockeys da história do turfe !!

 

Grande Prêmio Rafael A. Paes de Barros G.2  - 2004

 

Depois de uma longa ausência montando para a farda do Haras São José e Expedictus, Gabriel Menezes nesse GP tem a montaria do cavalo Cheikh, porém uma ardilosa armadilha do Destino fez com que o cavalo forçasse o starting gate no exato momento da partida, e quase que por reflexo, o Gabriel em fração de segundos, sofreia o Cheikh, pois lhe era claro que a partida seria cancelada e uma nova partida seria ordenada, mas o starter validou a partida desastrada e o cavalo ficou vários corpos atrás.

Largando com uma desvantagem descomunal e usando de toda sua classe, o Menezes faz um percurso magistral e termina em segundo lugar.

Os proprietários, furiosos com o ocorrido e com a colocação obtida de seu cavalo, agiram junto à Comissão de Turfe para que o Gabriel fosse suspenso, julgando eles que sua atuação na largada do páreo tinha a intenção de dolo.

 

A Comissão de Turfe sabiamente interpretou o fato como uma sucessão de eventos simultâneos e não viu ação de dolo do profissional, e este não foi punido.

 

O Haras São José e Expedictus ousou em imaginar que o jockey que durante décadas lhes trouxe títulos e mais títulos, e dono de uma carreira ímpar no turfe brasileiro, pudesse ser um desses muitos seres pequenos que orbitam o sub mundo do turfe.

Gabriel Menezes, além de um nome de um profissional de respeito, é uma lenda no turfe, e não será um episódio interpretado de forma desconexa, que será usado para denegri-lo.

 

G.Menezes fatura GP.Derby Club G.3 em 3200m Gávea em 14/12/1980, com a farda do S.J.Expedictus 

 

Ao Gabriel o nosso reconhecimento de sua grandeza como profissional. Quanto aos seus detratores, o merecido posto no mundo dos irrelevantes.

 

O nosso filme já está chegando ao fim, mas na memória de quem vivenciou toda a arte desse extraordinário jockey, sabe que ela jamais terá fim, e não será apenas esse singelo artigo que esgotará esse tema neste site , pois se temos como meta escrever sobre cavalos, jockeys e treinadores, a presença do Gabriel Menezes neste espaço será constante, mesmo sendo o seu nome cada vez mais raro nos programas de Cidade Jardim. O turfista pode ficar tranqüilo, pois o que não faltará neste espaço é o reconhecimento ao Mestre Gabriel.

 

Nunca será tarde para lembrar que o Mestre foi tri campeão do Grande Prêmio São Paulo ( Tibetano, Às de Pique e Jex) , tri campeão do Derby Paulista ( Rabat, Palemon e Pour Henri ) , um dos jockeys que mais levantou provas de fundo do turfe paulista, campeão da Trump Cup ( Brown Tiger) , um sem número de vitórias de Grupo, e principalmente suas fantásticas direções que enchiam os olhos daqueles que realmente têm pelo turfe os mais elevados sentimentos.  

  

                

   Palemon mais um Derby para Gabriel                                   Pour Henri -Gabriel mostra todo seu talento !!!

 

As luzes do nosso “cinema” já estão acesas, esperamos que tenham gostado do filme e o recomendem aos amigos, e como estamos em tempo de Natal, façamos um pedido ao Criador para que o tempo pare e que o Gabriel possa montar indefinidamente em nossas mentes, pois Natal sem Papai Noel não é Natal, e Turfe  sem a lenda Gabriel Menezes, não é Turfe.

 

Feliz Natal à todos.       

     

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