Especial                                     


Por Clackson

No próximo dia 14 de março no Jockey Club de São Paulo será disputado o Grande Prêmio Associação Latino Americana de Jockeys Clubs, e em se tratando desse importantíssimo páreo sul americano, a criação nacional possui um retrospecto invejável de oito vitórias em vinte e quatro edições dessa prova (de 2000 à 2003 não houve disputa) sendo que as três primeiras provas foram vencidas por cavalos brasileiros. Um feito histórico. Vamos a eles:

1981

O páreo inaugural dessa prova continental foi corrido no hipódromo de Marõnas, no Uruguai, e foi vencido por Dark Brown, de criação e propriedade do Haras Rosa do Sul, treinado por Abadio Cabreira e montado pelo mítico freio brasileiro, Antonio Bolino, que numa magistral direção derrotou Lotus e Mountdrago no tempo de 2min07s.

 

1982

Disputado no Hipódromo de San Isidro, na Argentina, o super campeão Duplex, invicto em suas atuações no exterior, viria a dar a segunda vitória brasileira no "Associacion". Criado pela lenda Roberto Seabra e de propriedade do Haras Jupiá, Duplex foi treinado por Walfrido Garcia e montado pelo matemático freio Jorge Garcia, onde numa direção que assombrou todos os presentes em San Isidro, ao dar a partida no cavalo nos metros finais do páreo, venceu de forma magnífica à New Dandy e Especulante. Tempo do páreo:2min01s

 

1983

A terceira edição desse GP foi corrido em Cidade Jardim, e uma verdadeira epopéia acompanhou a consagradora vitória de Derek (curiosamente, todos os vencedores até então da prova tinham seus nomes iniciados pela letra D). Vamos a ela:

O Jockey Club de São Paulo programou em fevereiro daquele ano um páreo de classificação ao Grande Prêmio, que seria corrido no mês seguinte, e um campo digno de Grande Prêmio Brasil foi o campo da prova. Nomes como Off the Way, Clackson, Denee, Kenético, Derek, Latino e outros grandes cavalos formaram o páreo e Derek, com Albenzio Barroso e Kenético com Luis Correa Silva, foram os classificados com Off the Way em terceiro, portanto fora da disputa. Nesse ponto o destino começou seu incansável trabalho. Uma semana antes do "Associacion", num domingo mais precisamente, o jockey Albenzio Barroso se acidentou com o Derek durante os matinais e o grande bridão paulista, por ordem médica, foi afastado das corridas.

Em paralelo, o jockey herói da classificação do Kenético, Luiz Correa Silva, havia sido barrado pelo titular do Haras Malurica, numa demonstração de inigualável injustiça para com o excelente bridão, e as forças do destino fizeram com que a montaria do Derek fosse justamente para o L. C. Silva. Aquela semana foi de grande apreensão pelo estado com que Derek se apresentaria na prova e preocupações não faltavam ao seu treinador, José Severino Silva.

Num domingo chuvoso e raia pesada, Derek com todos os imprevistos que havia sido vítima venceu o GP com uma direção histórica do L.C.Silva, e honras e mais honras devem ser dadas ao seu treinador. Derek era criação e propriedade do Haras São José e Expedictus (ver matéria neste site sobre esse páreo). A égua chilena Salinidad e  Kenético chegaram a seguir no tempo de 2min09s.

 

1985

Corrido no hipódromo da Gávea, um tríplice coroado brasileiro marcaria a quarta vitória brasileira em cinco edições do Grande Prêmio. Old Master (Tordilho), de criação e propriedade do Haras Santa Maria de Araras, treinado por W.P. Lavor e dirigido pelo Francisco Pereira Filho, venceu a Mendelson, Mayer, Bretagne entre outros no tempo de 2min03s.

 

1991

A partir desse ano esse Grande Prêmio entraria de forma triunfal na longa carreira de vitórias do lendário jockey Jorge Ricardo. Ele montou em Cidade Jardim o Falcon Jet e de forma avassaladora venceu Flying Finn seu sempre e direto rival. De criação e propriedade do Haras Santa Ana do Rio Grande, foi treinado por José Luiz Maciel.Tempo: 1min59s01.

 

1994/96

Um bi campeonato inédito de um cavalo fora-de-série, Much Better, um nome mais do que certo em qualquer relação dos maiores cavalos de todos os tempos no Brasil, pois venceu o GP São Paulo, GP Brasil, GP Carlos Pellegrini e duas vezes o Latino Americano.

Em 1994, no hipódromo de La Plata (em 2.100 metros na areia), montado por Jorge Ricardo e treinado por José Luiz Maciel (treinador também de Falcon Jet), Much Better venceria à Enfático e Romarin (a máquina do São José e Expedictus) no tempo de 2min11s02. Era de criação do Haras J.B. Barros e de propriedade do Stud T.N.T.

A segunda e inédita vitória de Much Better, em 1996, ocorreu na Gávea sobre Gran Ducato e Passion Lead no tempo de 1min59s05.

A dupla Jorge Ricardo e José Luiz Maciel tornavam-se tricampeões dessa prova. Uma raridade.

 

1998

Novamente corrido em San Isidro, Jimwaki de criação e propriedade do Haras Equília, com Jorge Ricardo obtendo assim de forma magnífica o seu tetra campeonato no "Associacion", foi treinado por José Martins Alves e assim inscreveu pela oitava vez o nome da criação brasileira nesse páreo continental.

Jimwaki derrotou :  Sidon, Gabarito, Quari Bravo e Chullo entre outros, no tempo de 1min57s46.

 

2009

Para essa edição de 2009 a representação brasileira se dará por Quick Road, Negro da Gaita, Quadriball, pelo turfe paulista e Flymetothemoon, Des Moines e Hot Six pelo turfe carioca. Um fato inusitado e merecedor de sérios reparos foi a forma com que o Jockey Club de São Paulo conduziu a realização da prova indicativa dos representantes paulistas, o GP Linneo de Paula Machado, pois as condições climáticas reinantes naquela prova, um terrível temporal concomitante por uma visibilidade nula em todo o percurso da prova, a ação óbvia teria sido a suspensão da prova pela Comissão de Turfe, em nome da segurança dos jockeys (sempre em primeiro lugar em qualquer situação)e também dos animais, além de evitar resultados tecnicamente distorcidos em função do estado da raia e resguardando, em conseqüência, o interesse do público apostador naquele páreo.

A despeito de todos esses evidentes cenários, a Comissão de Turfe, seguramente no menor momento de toda sua história, autorizou a realização daquele perigoso páreo e o que se viu foi a exposição de jockeys e cavalos a uma situação insegura e a natural distorção dos resultados no disco de chegada.

Não se discute aqui a alta qualidade dos cavalos inscritos no páreo, mas tão somente a forma amadora com que foi conduzido o processo de escolha dos cavalos paulistas. Feitos esses reparos, vamos ao GP e que a criação brasileira possa mostrar seu valor pela nona vez.

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